Episode Transcript
Estejamos sempre em paz porque o Cristo e os vossos anjos guardiões velam por cada um de vós porque o amor infinito de Deus se expressa em cada minúsculo detalhe de toda a sua criação.
Compreendendo isso teremos a convicção de que jamais estaremos abandonados, sozinhos, e que todas as dores podem ser oportunidade de conquista de felicidade superior e eterna, porque chega um ponto na evolução do Espírito que a dor não se faz mais necessária, abrindo-se para ele grandezas inimagináveis que Deus criou para todos os Seus filhos.
Podemos iniciar, minha filha.
Estamos muito felizes com a sua presença hoje, amiga Patrícia. A nossa primeira pergunta é: como o anjo guardião pode nos ajudar a lidar com a dor física e a dor emocional?
Muitas vezes, os anjos da guarda intervém de tal forma que doenças prestes a eclodir são desfeitas e o indivíduo sequer nota ou sente apenas um leve mal estar. Outras vezes, o anjo guardião intervém evitando que seu protegido passe por profundas decepções emocionais.
Observando, por exemplo, o anjo que seu protegido é alvo de uma traição profunda, tantas vezes cria inúmeras circunstâncias para que ele se afaste sem que seu coração sofra excessivamente.
Porém, é preciso entender que algumas dores são indispensáveis. Em uma primeira categoria podemos elencar dores que são fruto da imprudência continuada do indivíduo. Aqueles que negligenciam a própria saúde continuadamente não podem merecer de seus anjos um cuidado nesse setor, porque isso seria estimular a irresponsabilidade com o corpo, templo sagrado que deve ser diariamente cuidado. Seja em relação ao corpo, à conduta, a irresponsabilidade continuada do indivíduo impõe ao seu anjo guardião a não intervenção em determinado setor, porque o indivíduo revoltado e cego deseja uma experiência dolorosa desnecessária a princípio. Em segundo setor, ou em segundo grupo, podemos colocar as dores físicas e emocionais necessárias a ascensão espiritual do indivíduo. Estas não serão jamais impedidas pelo anjo guardião, porque compõem um conjunto de experiências previamente acordado entre ambos. E compreendendo que essas experiências deverão elevar o seu protegido de forma nenhuma o anjo guardião as evite, embora quase sempre possua sim o poder de evitá-las. Neste caso, o amigo espiritual irá agir de tal forma que proporcionará todos os consolos possíveis ao seu protegido. O que observamos em nossa tarefa de acompanhar tantos anjos guardiões é que, no caso da Terra, quase sempre a ajuda do anjo guardião não se faz completa porque o indivíduo recusa abrir emocionalmente suas energias para que o anjo guardião possa socorrê-lo de forma mais efetiva. E aqui vemos um ponto sublime da lição da história escolhida, após larga meditação, pelo grande Codificador: Clara demonstra, para todos os espíritas pelo menos, que a infância quando não bloqueada possui largas possibilidades de comunicação direta com os anjos da guarda. Se os espíritas respeitassem os anjos guardiões da infância, teríamos hoje uma geração de adultos com uma vida completamente diferente. Parte nosso coração observar que nas evangelizações ditas espíritas as crianças quase nunca são estimuladas ao contato com seus anjos guardiões. E, com muita frequência, evangelizadores e evangelizadoras levianos condenam todo tipo de contato mediúnico. É preciso rever com muita seriedade, porque ensinar o Espiritismo é ensinar, acima de tudo, uma forma de viver, uma forma de conduzir-se em todas as experiências da vida e não apenas impor aos pequenos a memorização de trechos que para eles não fazem nenhum sentido intelectual ou emocional. É preciso rever com muita seriedade o que se chama de evangelização infantil, porque quase sempre evangelizadores despreparados, apesar de alguma boa intenção, tornam-se uma barreira terrível entre a criança e o anjo guardião, e assim a criança, ao desenvolver-se, cada vez mais afasta-se daquele que seria a sua grande fonte de orientação e de consolo e o anjo guardião vai tendo menos acesso a consolar as dores físicas e emocionais de seu protegido, porque a tia da evangelização resolveu condenar esse tipo de relação de uma forma direta ou indireta. Porque, muitas vezes, esses espíritos que ousam ensinar o Espiritismo, sequer tem um bom contato com os próprios anjos da guarda. Compreendamos, portanto, que para ensinar o Espiritismo sem adulterá-lo de forma imensa é necessário, primeiro, vivê-lo em algum grau de honestidade em seu dia a dia.
Muito obrigada pela sua resposta. A nossa segunda pergunta é: como nossas dores emocionais podem ser úteis ao próximo?
O exemplo de Clara Riviére é extraordinário nesse sentido, porque a criança mostra ao adulto o poder da fé. Toda vez que sofremos, uma multidão de espíritos nos acompanha. Alguns pensam: mas como uma vida de alguém comum pode ser mais útil na transformação do indivíduo e da sociedade do que de uma celebridade? Porque, do nosso ponto de vista, aqueles que vivem com dignidade o seu testemunho transformam muito mais a si mesmos e à sociedade. Porque enquanto muito realizam uma obra que atinge milhares, de forma inadequada tantas vezes, aqueles que vivem com dignidade as próprias dores são acompanhados por dezenas de milhares ou até por milhões de espíritos. Por isso, muitos missionários que estão em categorias mais elevadas da hierarquia espiritual nascem e desencarnam em vosso mundo sem seres conhecidos. Mas o seu exemplo toca milhões de espíritos desencarnados que, graças aos seus testemunhos, decidem levar à frente tarefas de elevada abnegação. Frequentemente buscamos espíritos da mesma idade. Um jovem espírita que aja com dignidade não precisa, na verdade não deve, exibir-se porque terá ao seu lado centena de milhares de jovens desencarnados que com ele, com seu exemplo aprenderão a lidar com as dores da vida. Portanto, jovens amigos, desnecessário a busca da fama, desnecessário a busca do palco, se quereis verdadeiramente ajudar, entendei: se vosso exemplo é digno no dia a dia, estareis naturalmente pregando para centenas e milhares de outros espíritos de uma forma muito mais profundo do que a exibição momentânea nos palcos da vaidade espírita. Por isso precisamos daqueles que entendam a realidade espiritual, não no momento da palestra, mas ao longo do seu dia a dia. Como lidai com vossas tentações? Como lidai com vossas dores? É o testemunho que o Cristo pede e, como alerta Paulo, tereis sempre uma nuvem imensa de testemunhos ao vosso redor. Assim sendo, a vivência de vossos testemunhos, de vossas dores mais íntimas, de forma espírita, de forma elevada, é o melhor que podeis fazer para auxiliar na transformação do vosso mundo íntimo e da vossa sociedade. Porque os espíritos que vos observam não apenas veem a ação, veem de forma completa todas as vossas energias, todas as imagens de vosso pensamento, todas as transformações que podeis realizar. Sabendo disso, sabereis que a vida de um espírito como Clara, mesmo que passasse totalmente sem registro histórico teria tocado muitos milhares de espíritos das mais diversas idades; mães que se preparavam para ter filhos com a mesma experiência foram convocadas pelo anjo guardião de Clara a observar sua protegida. E assim entendereis o impacto profundo de uma ação verdadeiramente abnegada, mesmo que completamente desconhecida de vosso mundo.
Muito obrigada pela sua resposta. Deixamos o espaço para a mensagem de encerramento.
Um dia poderemos, inclusive, convidar espíritos que acompanharam esses relatos para que eles expressem o quanto o que viram os comoveu. É muito importante que os verdadeiros espíritas, que toda a nova geração entenda: vocês são convidados a transformar o mundo, não por meio da exibição espírita, vocês são convidados a transformar as instituições, não por meio de eventos que tantas vezes mais se preocupam com a arrecadação pecuniária. Amigos e amigas da nova geração, lembrai sempre do magnífico exemplo de Clara, porque vocês são a geração que deve transformar o mundo de forma definitiva por meio de vossos testemunhos profundos, impactantes, sinceros e, acima de tudo, silenciosos. Passou a fase das palestras-espetáculo, porque o Cristo ordenou e Ismael cumpre sua ordem: está na hora de vivermos o cristianismo dos primeiros tempos no qual ninguém preocupava-se em exibir, mas todos diariamente perguntavam-se: estarei eu vivendo o meu testemunho como o Cristo deseja? E aí teremos um novo movimento espírita em que o amor será a preocupação de vivência diária e todas as questões, aparentemente hoje de alta relevância, serão compreendidas como menores ou mesmo insignificantes, porque cada um de vocês se perguntará ao acordar: estarei eu preparado para a vivência do amor no dia de hoje? E, junto com os vossos anjos, atravessarão o dia atentos à vontade do Senhor deste mundo, Jesus de Nazaré.
Paz e reflexões em conjunto com os vossos anjos guardiões é o que desejamos a todos,
Da vossa irmã e amiga,
Patrícia.